O panorama político em Bacabal beira o tédio.
Dois grupos políticos ainda polarizam a disputa pela Prefeitura, judicializada nos mais variados tipos de ações que tramitam desde o Forum da cidade até o Tribunal Superior Eleitoral, e neste se dará a decisão que realmente definirá a permanência ou não do grupo de José Vieira na Prefeitura, hoje comandada pelo vice-prefeito Florêncio Neto.
Não me chame de ingênuo o caro leitor, bem que o termo poderia estar entre aspas, mas estou falando em termos de Direito e não em fatos. Se Florêncio, o neto, não comanda é porque não quer.
De Direito o prefeito é Florêncio Neto, empossado no dia 8 de janeiro em sessão da Câmara Municipal presidida pelo vereador Edivan Brandão que três dias antes havia assinado o ato de afastamento de José Vieira. Fundamenta-se a decisão do Presidente da Câmara no art.75, III, da Lei Orgânica de Bacabal.
José Vieira é de fato e de direito um cidadão que não pode exercer seus direitos políticos, por estarem estes suspensos em decorrência de uma decisão judicial transitada em julgado no Superior Tribunal de Justiça. O dispositivo da Lei Orgânica é eficaz ao prever que em tal condição, hoje notoriamente conhecida como Ficha-Suja, uma pessoa não pode exercer o cargo de prefeito.
A sua eficácia é reconhecida inclusive pelo prefeito afastado José Vieira que, no intuito de escapar do alcance da Lei, ajuizou uma Ação Direta de Inconstitucionalidade que terminou por ser extinta pelo Tribunal de Justiça (releia).
E volto a citar o quão é enfadonho o momento, principalmente porque todos os dias incautos se dignam a discutir e questionar quem é o prefeito da cidade. Como se a cada dia houvesse um diferente. Os incautos formam a massa que dá ao grupo de José Vieira a motivação para brincarem com a realidade. Foi o que vimos na semana após o carnaval com a divulgação de uma Certidão que nada certifica em favor de José Vieira mas que foi divulgada como se fosse um achado.
Se compararmos com a história da Humanidade, é como se hoje alguém aparecesse com uma certidão do Tribunal da Inquisição confirmando que Galileu Galilei estava errado ao afirmar que a Terra não é o centro do Universo e que ela gira.
Florêncio Neto aceitou ser empossado e chegou inclusive a assinar atos administrativos, como prova o Diário Ofícial do dia 12 de janeiro (). Depois disso passou a ser a negativa em pessoa. Não quer ser o Prefeito, se diz apenas o vice-prefeito e não se pronunciou sobre a trama para realizar uma nova posse para ele, conforme divulgado neste blog (releia). Depois que a trama veio a público, foi abortada.
Na ocasião, perguntamos aqui: Se Zé Vieira tivesse sido reconduzido ao cargo, como dizem seus aliados, por qual motivo empossar Florêncio Neto sem que tenha havido nenhuma nova decisão judicial para tal?
Edivan protagonizou um arremedo de rebeldia
Em meio a essa sucessiva onde de notícias fatigantes que nada mudam em favor da sociedade bacabalense, em certo dia uma notícia parecia trazer algo de estimulante.
Cooptado no apagar das luzes de 2016 pelo senador João Alberto e guindado à presidente da Câmara, o vereador Edivan Brandão engrossou a voz por uns dias. Esperava-se dele que assinasse o segundo ato de afastamento do pecuarista Zé Vieira e ele disse não. Disse “não” até mesmo para João Alberto.
Perplexos uns, incrédulos outros, todos ficaram atônitos. A pose de independente durou pouco tempo e Edivan, como se sabe, terminou por assinar o ato que resultou na posse de Florêncio Neto. A amigos teria confessado depois que queria apenas mostrar pro senador Carcará que ele Edivan tem opinião. Então tá.
O enfastioso enredo que se vive, parece ser um plano urdido para que assim seja. O triste da história é que o ambiente maçudo cede aos poucos à incapacidade do povo de se indignar.
Cada um vive a sua vida sem muito envolvimento, a não ser as constantes discussões de quem defende e tenta afirmar a razão e a legalidade de uma facção política ou de outra.
No fundo é o povo encenando a sua parte na peça. Na verdade encenam o papel que os tais lideres escreveram e continuam a escrever.
E o que essa turma está a escrever nos bastidores?
José Vieira – Segue um ancião tutelado pelo Triunvirato, posando para fotos quando é conveniente. Juridicamente é Ficha-Suja, condenado e sem recursos. Eleitoralmente está com os direitos suspensos e aguarda o julgamento no Tribunal Superior Eleitoral em data a ser definida.
João Alberto - Segue como Senador e já deu sinais de desequílibrio emocional com a proximidade do final do seu mandato (releia). Em Bacabal se reúne a portas fechadas com o ex-prefeito José Alberto para construir uma aliança dos filhos dos dois coronéis. João Marcelo como candidato a reeleição para deputado federal e Alberto Filho, sem condições de se reeleger, para ser candidato a deputado estadual.
Roberto Costa – Derrotado nas urnas, tem tido pouca determinação. Não se preparou para a reeleição, dispensou as bases e hoje vive do sonho de ser prefeito. Seu ímpeto de pelo menos cobrar em favor da cidade ou denunciar os descalabros, arrefeceu.
Carlinhos Florêncio - Não decola politicamente mas não pode reclamar de prejuízo financeiro. Se há um sentimento que não desperta é a inveja. Quem colocou o filho numa situação como a que está Florêncio Neto, subjugado politicamente e com a imagem de alguém que não toma atitude, não pode despertar a inveja de ninguém.
Enquanto todos estiverem preocupados em se reinventarem, em reorganizar as forças, tolerando-se, para que alguma revolução em favor do povo nao é mesmo? E o cenário enfastioso segue existindo sem merecer sequer análise jornalística, a não ser como esta, para mero registro.
Foto Especial: Florêncio Neto faz o juramento de posse na Câmara
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